
Este grito surge como uma reflexão pessoal sobre este mês tão especial.
O Natal/Yule é uma época de que gosto muito. Adoro as músicas, as ruas coloridas que parecem mundos mágicos cheios de cor e sons. As pessoas sorriem mais nesta altura. Parece que todos se contagiam com o ambiente que se gera e com todos os preparativos para o “grande” dia. Em contrapartida, tudo apela ao consumismo. Por todo o lado há brinquedos expostos aos montes. Promoções de meia estação, saldos de inverno… É difícil ir a qualquer lado com crianças. Fazer compras pode ser um desafio quando temos vários corredores só de brinquedos. Por aqui tenho optado por fazê-las quando a cria está na escola. Poupo tempo e chatices.
Como se isto não fosse o suficiente, temos os canais de televisão entupidos de anúncios de brinquedos. Brinquedos e brinquedos e mais brinquedos de plástico que vêm “auxiliar” as nossas crianças na escolha dos pedidos de prendas para o pai natal. E com isto tudo não estamos a perder a essência desta festividade? A origem do Natal é pagã – o Yule – celebreção do Solstício de Inverno. Yule simboliza o renascimento do Deus Sol, que nos vem lembrar que em breve o inverno acabará e virá, novamente, a primavera. Para festejar o nascimento do Deus Sol, os pagãos enfeitavam árvores com velas, presentes, símbolos como bolas para representar a fertilidade do Deus e oferendas de comida. Era habitual colocar no topo das mesmas um pentagrama. A igreja católica adotou, posteriormente, essa data para simbolizar o nascimento de Cristo. As tradições foram, igualmente, adaptadas: a árvore de natal passou a levar uma estrela no topo e as oferendas deixaram de ser comida e de celebração ao Deus Sol e começaram a ser trocadas no seio familiar.
Da mesma forma, o pai natal foi uma criação mais recente que veio de um senhor, São Nicolau, bispo que ficou conhecido pela sua afinidade com as crianças e pelas suas ações de caridade. Cá em casa celebramos o natal com árvore, decorações, música, tudo o que nos faz sentido. A cria conhece a figura do pai natal (é inevitável) mas não foi incutida a pedir presentes nem a ele nem a nós, nem a escrever cartas e sabe a sua origem. Tem 3 anos mas sim, já falámos com ela sobre a verdadeira origem do natal e do pai natal. Queremos que seja uma criança consciente da realidade mas sem deixar de viver a magia e o sonho desta quadra tão mágica. Para nós o importante é estarmos em família, celebrar a família. Há troca de prendas sim, mas todos recebem oferendas feitas por ela. Este ano já tem outro discernimento e já escolhe cores, o que quer, materiais, para quem é o quê. E tem-nos surpreendido ao fazer prendas para outras pessoas que não são da família. Outra coisa que tem feito este ano é fazer de conta que embrulha os brinquedos dela e coloca-os na árvore. Ou, então, vem até nós e oferece-nos uma dessas “prendas”. Faz isto naturalmente. É engraçado que eu e a minha irmã fazíamos exatamente a mesma coisa em crianças. Havia sempre desenhos e brinquedos a ser oferecidos. Isto é saudável. Cultivar a generosidade. Temos em mente a doação de brinquedos e roupa. Acho uma atividade linda para fazer com ela nesta (ou noutra) altura.
Quanto a prendas… O hábito é oferecermos coisas úteis, que estejam a fazer realmente falta. Para a cria, quando nos perguntam o que podem dar, sugerimos livros didáticos sobre o corpo humano, natureza…, coisas que ela possa usar para aprender e, daí, surgirem atividades com os pais super divertidas e de exploração. Vamos-lhe oferecer um kit de cozinha para crianças. Ela adora cozinhar comigo, daí a inspiração do nosso presente. Papel de embrulho deixei de comprar há já algum tempo. Reutilizamos papéis velhos que decoramos com a cria ou, a minha versão favorita, usar desenhos e pinturas dela e criar uma folha de papel. Por si só já são uma bela prenda! Trazem cor à árvore e nem precisa de laços e plásticos nas fitas. Usamos carimbos quanto muito.
Há tantas coisas que podemos fazer nós. Poupamos e personalizamos. Oferta de bolos ou bolachas em jarros (para quem gosta de cozinhar), pinturas, quadros de fotos…, uma imensidão de coisas que acabam por ter mais valor. Oferecer uma experiência, uma massagem ou algo que até tu possas dar. Ou, então, apoiar os nossos artesãos portugueses que fazem coisas lindas cheias de amor e muitas horas de dedicação. Sugestões minhas.
Sejamos conscientes do desperdício e consumismo desta altura. Sobretudo com os nossos filhos, para que aprendam a crescer conscientes dos efeitos nefastos do consumismo. Para que cresçam a amar a natureza e o planeta Terra, a nossa mãe, o nosso útero. Como lidam vocês com esta altura do ano? Que valores incutem aos vossos filhos? Como sobrevivem a uma ida ao shopping? Se for o caso.
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